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Esporte

Um dos maiores goleiros da história do país, Manga pede ajuda através de vaquinha online

Aos 85 anos, Hailton Correia de Arruda vive no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro

Felipe Faleiro / Correio do Povo
por  Felipe Faleiro / Correio do Povo
17/09/2022 13:42 – atualizado há 1 ano
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As palavras de Hailton Correia de Arruda são de profundo agradecimento. Pela vida, principalmente, mas também pela ajuda espontânea que vem de toda parte, a fim de que sua trajetória e mãos não sejam esquecidas. Mais conhecido como Manga, o ex-goleiro de Inter, Grêmio, Botafogo, entre outros clubes, além da Seleção Brasileira, multicampeão e respeitado por inúmeras torcidas, hoje tem 85 anos e vive uma vida austera, mas feliz, no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro.

Comovido com a saúde frágil de Manga e sua esposa, Maria Cecília Cisneros Castilho, um grupo de amigos criou, em julho deste ano, uma vaquinha virtual em prol dos tratamentos médicos de ambos, que já arrecadou pouco mais de R$ 4,1 mil dos R$ 10 mil pretendidos. O objetivo é aumentar este valor. "Criamos a campanha em caráter emergencial. Conheci o Manga em uma campanha de venda de camisas do Botafogo", relata o advogado João Paulo Silva da Rocha, um dos idealizadores da ação, e curiosamente torcedor do rival Fluminense.

"Meu colega de trabalho e sócio no escritório, Rafael Passos, havia comprado a camisa autografada do Manga, mas ele não conseguia vir ao Retiro para buscar, em função da rotina intensa e outras atividades no escritório. Acabou que eu vim buscar a peça, conheci o Manga e formou-se uma amizade. Começamos a trocar mensagens, e a partir daí, começamos a saber um pouco mais da realidade dele e da esposa, e prestar este auxílio a ele". O botafoguense Rafael é o criador da vaquinha.

Graças a Manga e sua história de amor às traves, 26 de abril é o Dia do Goleiro. A data remete ao aniversário do arqueiro que, quando em campo, fazia defesas plásticas, sempre dispensou o uso de luvas e a barreira nas cobranças de falta. 

Seus dedos disformes, exibidos por ele sempre espalmados, refletem anos de fraturas, mas que conferem a ele uma identidade única. "Estou hoje muito bem, e feliz com este presente dos amigos, que é esta ação”, comenta Manga. "Graças a Deus, fui um valente. Agradeço a toda a torcida destes clubes. Sempre houve um respeito muito grande nos times onde joguei".

Pernambucano de Recife, Manga começou sua virtuosa carreira em 1955, no Sport, onde conquistou três campeonatos estaduais. No Botafogo, para onde foi em 1959, fez parte de um elenco de luxo, junto a outros nomes igualmente icônicos como Nilton Santos, Didi, Garrincha e Zagallo. 

Venceu quatro campeonatos cariocas, três torneios Rio-São Paulo e uma Taça Guanabara, tornando-se o jogador com mais títulos da história do clube. Foi convocado à seleção pelo técnico Vicente Feola para a Copa de 1966 e, em 1969, se transferiu ao Nacional, do Uruguai.

Lá, conquistou a Libertadores e a Taça Intercontinental de 1971, além de quatro títulos uruguaios.

Chegou ao Inter em 1974, levantando as taças do Campeonato Gaúcho de 1974, 1975 e 1976 e os campeonatos brasileiros de 1975 e 1976, integrando um escrete ao lado de Figueroa, Marinho Peres, Caçapava, Paulo César Carpegiani, Falcão, Dario e Lula. Seguiu para o Operário-MS, Coritiba e, entre 1979 e 1980, no Grêmio, onde venceu o Campeonato Gaúcho de 79, ao lado de grandes nomes, como Ancheta, Paulo Cézar Caju, Tarciso, André e Éder.

Encerrou a carreira em 1982, aos 45 anos, no Barcelona de Guayaquil, do Equador, onde, em 1981, venceu o campeonato nacional.

A campanha em prol de Manga, um dos atletas brasileiros com mais atuações na Libertadores, logo aderiu as redes sociais, onde, mais recentemente, foi criada uma rifa solidária de uma camisa de goleiro do Botafogo autografada por toda a equipe, exclusiva e não comercializada, e na qual mais de mil bilhetes foram vendidos. 

A mesma ação será feita em seguida com o Grêmio, segundo João Paulo. No Inter, não é diferente. De acordo com o advogado, ações junto ao colorado foram as grandes impulsionadoras do número de seguidores de Manga no Instagram, atualmente em 7,7 mil.

"O ápice do engajamento foi por meio de uma publicação de uma página do Inter, que fez com que a torcida do clube ajudasse em peso, tanto na vaquinha, quanto no próprio alcance da rede social", comenta Rocha. Depois do contato com páginas independentes, a campanha está em contato com a diretoria do Inter em busca de realizar publicações em parceria. Cerca de dez pessoas estão envolvidas nas páginas do Facebook e Instagram, tanto na criação de artes e organização do material, quanto na programação das postagens e no próprio marketing digital.

O número não inclui equipes de mídia dos clubes envolvidos na causa e cuidadores em geral do ex-atleta. A intenção do projeto é seguir com as rifas e direcionar o trabalho também em prol do próprio retiro. 

“Apesar de o Manga não ter atuado no clube para o qual torço, é uma alegria muito grande para mim conhecer este goleiro, ídolo de várias torcidas, e não apenas reconhecer este trabalho belíssimo que ele teve, toda esta trajetória. Acho que a história dele transcende o clube e o futebol e é uma carreira incrível, meteórica e que precisa ser reconhecida”, finaliza o advogado.
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