Desde que o setor se instalou no país, no final dos anos 1950, não havia um mês de abril com produção tão baixa como o de 2020. Números divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revelam que a produção do mês passado, de 1.847 veículos, foi 99% menor que a de março. Em relação a abril de 2019, a queda foi de 99,4%.
Dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), do IBGE, referentes a março já apontavam que o setor seria um dos mais penalizados pela crise. O indicador mostrou que, como um todo, a indústria brasileira teve queda de 9,1% na produção em relação ao mês anterior. No mesmo período, a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias caiu mais que o triplo: 28%.
Não é difícil entender os motivos do tropeço. Em uma ponta, as medidas de isolamento social obrigaram as montadoras a paralisar atividades, já que a produção de veículos automotores – à exceção das máquinas agrícolas – não é considerada essencial.
O reflexo aparece na subutilização das fábricas: em abril, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), a indústria de veículos automotores brasileira usou apenas 12,5% de sua capacidade instalada. Em tempos normais, a média é de 78,6%.
"Estávamos caminhando para uma redução da capacidade ociosa no país. Agora, com a crise, com certeza vamos ter um número muito ruim, que vai aumentar ainda mais a ociosidade da indústria", projeta Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.