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Política

PT cobra rigor no uso de jatinhos, mas abusava da FAB nos governos Lula e Dilma

Entre 2010 e 2011, o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad fez 97 voos entre Brasília e São Paulo acompanhado da mulher e da filha menor, além de outras autoridades e assessores.

Lucia Vaz/Gazeta do Povo
por  Lucia Vaz/Gazeta do Povo
17/02/2020 09:13 – atualizado há 3 anos
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"A liderança do PT na Câmara dos Deputados entrou na Justiça pedindo o ressarcimento dos custos da viagem de jatinho feita pelo ex-ministro interino da Casa Civil Vicente Santini da Suíça até a Índia, em janeiro último. Santini acabou exonerado do cargo.

Com a ação, o PT atua como fiscal do interesse público, mas se esquece de que num passado recente eram os ministros dos governos Lula e Dilma Rousseff que usavam e abusavam das aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), assim como Santini. Entre 2010 e 2011, o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, por exemplo, fez 97 voos entre Brasília e São Paulo acompanhado da mulher e da filha menor, além de outras autoridades e assessores.

As informações foram publicadas na Folha de S. Paulo, em 2012, em reportagem que eu mesmo produzi para o jornal. Naquela época, os ministros eram autorizados a utilizar os jatinhos da FAB para se deslocar até suas casas nos finais de semana. Mas os dados sobre os voos não eram públicos como hoje. Pedi, então, ao deputado Rubens Bueno (PPS-PR) que apresentasse um requerimento de informação à Aeronáutica solicitando essas informações. Protegidos pelo sigilo, os ministros e os presidentes petistas usavam e abusavam dos jatinhos.

Haddad, que seria eleito prefeito de São Paulo naquele ano, fez 130 deslocamentos em aeronaves oficiais em 2010 e 2011 – uma viagem de ida e volta por semana ao menos. Ele fez 46 voos exclusivos para São Paulo, sem outros ministros. Em 15 deslocamentos, foi acompanhado apenas da mulher e da filha. Em alguns outros, estavam a mãe e o filho do ministro.

“É um direito meu”, disse Haddad

O então ministro, que seria candidato a presidente da República em 2018, afirmou em 2012 que não houve irregularidade no transporte de seus familiares. “É um direito meu ir para casa. O que interessa é a legalidade”, disse.

Ele acrescentou que a maioria dos voos foi compartilhada. “Em quase todos, com raras exceções, eu estava vindo com outro ministro. E, quando pedia carona, eu perguntava se tinha três lugares”, se referindo a ele, à mulher e à filha.

“Ato lesivo, para fins particulares”

Na ação popular movida contra Santini, a Liderança do PT afirmou que o ex-ministro praticou “ato ilegal e lesivo ao patrimônio público” porque usou o jato “para fins particulares, com o único objetivo de obter vantagem pessoal, em prejuízo do erário [cofres públicos]”. O presidente Jair Bolsonaro apresentou outro argumento para a exoneração do ministro interino: “o que ele fez não é ilegal, mas é completamente imoral”.

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