Projeto Polinize promove conservação das abelhas nativas do Sul
Iniciativa da URI Erechim integra educação ambiental, soluções baseadas na natureza e ações educativas para proteger a biodiversidade e fortalecer o protagonismo estudantil.
As abelhas nativas exercem papel essencial na conservação da biodiversidade, principalmente por meio da polinização, um serviço ecossistêmico fundamental para a regeneração dos ambientes naturais, a produção de alimentos e o equilíbrio dos ecossistemas. No Rio Grande do Sul, já foram identificadas mais de vinte espécies, entre elas jataí, mandaguari-preta, iraí e mirim-mosquito, diretamente relacionadas à flora nativa e aos saberes tradicionais de povos originários que, historicamente, manejam esses insetos. Além de sua importância ecológica, essas abelhas constituem um valioso patrimônio biocultural, ao unir natureza, conhecimento ancestral e práticas sustentáveis.
Nas últimas décadas, contudo, as populações de meliponíneos vêm sofrendo significativa redução em decorrência da perda e fragmentação de habitats, do uso intensivo de agrotóxicos, da expansão urbana e das mudanças climáticas. Esses fatores afetam a sobrevivência das colônias, reduzem a oferta de alimento e dificultam a disponibilidade de locais adequados para nidificação, comprometendo serviços ecossistêmicos essenciais e impactando tanto a biodiversidade quanto a qualidade de vida humana.
Diante desse contexto e a partir de uma demanda apresentada por escolas, foi criado o projeto Polinize: conservando as abelhas nativas do Sul, coordenado pelo Laboratório de Educação Ambiental – PPG Ecologia da URI Erechim, em parceria com a 15ª Coordenadoria Regional de Educação e o Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade, por meio do Projeto Integrador IV. A iniciativa contou com apoio financeiro do Fundo Social da Sicredi UniEstados, além da colaboração da Oficina do Mel, da Escola Básica da URI e de familiares com conhecimento na área.
O projeto integrou as ações da etapa pós-XXI Fórum de Meio Ambiente da Juventude do Alto Uruguai Gaúcho, cujo tema foi “Construindo comunidades resilientes ao clima por meio de soluções baseadas na natureza”. As atividades tiveram início com o estudo das abelhas nativas do Sul, contemplando aspectos de sua biologia, comportamento, importância ecológica e principais ameaças, bem como o mapeamento da flora presente nos espaços escolares, ampliando a compreensão sobre os serviços ecossistêmicos urbanos e a relação entre vegetação nativa, polinizadores e planejamento sustentável.

Na etapa seguinte, os estudantes confeccionaram iscas para a captura ética de enxames, utilizando materiais simples e seguindo orientações técnicas, que foram instaladas nas escolas e em diferentes espaços da URI. Paralelamente, acadêmicos do Curso de Arquitetura e Urbanismo projetaram e construíram caixas para abrigar as colônias, utilizando madeira de reflorestamento. O processo envolveu análise técnica dos modelos, definição de medidas, sistemas de ventilação, encaixes e detalhes internos. As caixas receberam pintura com cores atrativas às abelhas e grafismos inspirados nas culturas indígenas Guarani e Kaingang, reforçando o caráter educativo e simbólico da iniciativa.

Com a captura dos enxames, iniciou-se a transferência das colônias para as caixas de madeira, realizada de forma cuidadosa e segura, garantindo a integridade das abelhas e sua adaptação aos novos ninhos. As caixas estão sendo instaladas em ambientes escolares, formando meliponários educativos que passam a integrar as atividades pedagógicas das instituições.
Ao permitir que os estudantes acompanhem todas as etapas do processo, desde o estudo inicial até o monitoramento das colônias, o projeto articula conservação da biodiversidade, aprendizagem ativa e Soluções Baseadas na Natureza (SBN), fortalecendo a educação ambiental, o protagonismo juvenil e o vínculo entre escola, família e comunidade no cuidado com o meio ambiente.