Um dia depois que o Vaticano confirmou o primeiro caso do novo coronavírus e anunciou a suspensão do atendimento a pacientes externos em seu pequeno centro médico, o Papa anunciou que fará a oração dominical do Angelus por vídeo para "evitar riscos de transmissão". Durante a reza do último domingo, o Francisco, de 83 anos, teve que parar duas vezes devido a acessos de tosse. Desde então, ele cancelou diversas agendas.
De acordo com o último balanço divulgado neste sábado pelo chefe da Defesa Civil da Itália o número de mortos no país chega a 233.
O Pontífice, no entanto, foi testado negativo para Covid-19. Em uma pequena nota, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, afirmou que "o resfriado diagnosticado do Santo Papa nos últimos dias continua, sem sintomas relacionados a outras patologias".
"A oração será retransmitida por vídeo será transmitida ao vivo em telões na Praça de São Pedro para permitir a participação dos fiéis", afirmou o Vaticano, em novo comunicado neste sábado.
O Vaticano se blindou para evitar a propagação do vírus. Dentro do pequeno Estado, onde também vive o Papa emérito Bento XVI, de 92 anos, os controles foram reforçados. Os funcionários que trabalham em contato com os turistas deverão usar máscaras e luvas, de acordo com o jornal italiano Il Messaggero. Os guardas suíços e a gendarmaria do Vaticano, que monitoram as entradas a pé ou de carro, também reforçaram os controles nos cinco acessos à Santa Sé.
A Itália, maior epicentro da doença na Europa, com mais de 5.800 casos, decidiu na quarta-feira fechar todas as escolas e universidades até a metade deste mês para enfrentar a epidemia.
Neste sábado, o secretário do Partido Democrático (PD) e governador da região do Lazio, Nicola Zingaretti, anunciou que testou positivo para a doença.
"Os médicos me disseram que sou positivo na Covid-19. Estou bem, mas terei que ficar em casa pelos próximos dias. A partir daqui, continuarei acompanhando o trabalho que há para fazer. Coragem a todos e até breve", disse Zingaretti em um vídeo publicado nas redes sociais.
O líder do PD ainda explicou que ficará em isolamento na sua casa e afirmou que irá "lutar" contra a doença.
O governo italiano vai reforçar com 20 mil pessoas seus hospitais, entre médicos e enfermeiros, para fazer frente à epidemia do coronavírus que atinge a península. A medida, adotada durante o conselho de ministros que terminou na noite de sexta-feira, permitirá aumentar entre 5 mil e 7.500 o número de leitos e duplicar as vagas nos serviços de pneumologia e doenças infecciosas.
Os 20 mil reforços são distribuídos entre 5 mil médicos especializados, 10 mil enfermeiros e 5 mil auxiliares.
Os reflexos do coronavírus na Itália afetam também as próprias instituições do país. O ministro do Desenvolvimento Econômico, Stefano Patuanelli, entrou em quarentena depois que um vereador da Lombardia, com quem se reuniu recentemente, foi diagnosticado com Covid-19. Já o presidente Sergio Matarella cancelou uma viagem que faria à Moçambique na próxima semana, ainda de acordo com o La Repubblica.
O número de pessoas infectadas com o novo coronavírus no mundo ultrapassou a marca de 101 mil segundo a OMS. No mundo, a China lidera com 81.667 casos registrados, seguida da Coreia do Sul, com mais de 6.700 contágios. O Irã, no Oriente Médio, também viu o número de infecções explodir nas últimas semanas. Até o momento, segundo estatísticas sociais, são 4.747 casos.
Desde sexta-feira, China continental, a Coreia do Sul, os Estados Unidos e o Reino Unido registraram novos casos fatais. Colômbia e Costa Rica anunciaram pela primeira vez casos em seus territórios.