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Mundo

O exemplo de Portugal para o controle do coronavírus no Brasil

Hoje, a manchete de um jornal impresso local diz que "o isolamento é a única vacina contra o coronavírus".

AFP/NSC/DC
por  AFP/NSC/DC
18/03/2020 17:14 – atualizado há 3 anos
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As medidas tomadas pelo governo português para tentar frear a escalada do coronavírus, que já contabiliza mais de 300 casos no país e nesta segunda-feira (16) registou a primeira morte, transformaram a paisagem em cidades movimentadas e turísticas como a capital, Lisboa, e o Porto, no Norte do país.

Ruas estão vazias. Bares, restaurantes e comércios estão fechados. Desde a semana passada, as principais universidades do país suspenderam as aulas. Nesta segunda, escolas e creches também. Há um forte apelo para que as pessoas fiquem em casa, em isolamento social. Especialmente os jovens, que podem se tornar facilmente vetores da doença.

Hoje, a manchete de um jornal impresso local dizia que "o isolamento é a única vacina contra o coronavírus". Não é exagero. Portugal apressou as medidas de contenção em relação ao número de casos, em comparação com o timing de outros países europeus. Toma como exemplo a situação da Itália - a avaliação é de que foi a demora em conter a circulação de pessoas o que potencializou o número de casos entre os italianos.

Doentes em excesso podem levar a um colapso no sistema de saúde. E por isso o governo português apela à população para que cada um faça a sua parte. Em Lisboa, o badalado espaço gastronômico Time Out Market estampa junto à porta um pedido: "fique em casa!". Em diversas vitrines, de pequenos e grandes comércios, o recado se repete. Muitas vezes, escrito à mão numa caligrafia ligeira.

Os restaurantes que se mantêm abertos tiveram que reduzir a ocupação em 30%. Os garçons atendem com luvas descartáveis, e levam o álcool gel às mesas para os clientes. Nesta segunda-feira, os aeroportos passaram a ser intensamente monitorados pela polícia. Há fila para entrar, e todo mundo precisa apresentar a passagem antes de entrar no saguão. Sem passagem comprada, não entra.

Máscaras são comuns, mas a maioria é usada pelos poucos turistas que seguem circulando. O esvaziamento das ruas empurra os turistas de volta para casa. E a ideia é essa mesmo. O problema é que arranjar um voo não é tarefa fácil. Sabe os anúncios feitos pelas companhias aéreas, dizendo que vão fazer trocas e reagendamentos gratuitamente? Na prática, nada disso funciona. Os canais de contato estão superlotados, e ninguém consegue resposta. Muitos brasileiros que estão na Europa tiveram que gastar com passagens de última hora para garantir a volta para casa.

A situação é calamitosa. Difícil para todo mundo. Mas a sociedade civil está empenhada em proteger os mais frágeis. Sabe-se que jovens e crianças, na maioria das vezes, passam pelo Covid-19 sem complicações. Mas não se dá o mesmo entre os idosos e os imunossuprimidos.

A decisão de fechar as portas tem um peso financeiro importante para as empresas de Portugal, que deixam de faturar. Quem tem filhos com até 12 anos, e não tem como trabalhar em home office, teve garantia do governo de que receberá 60% do salário. Todo mundo contribui de alguma forma.

Em países que vivenciaram os efeitos das grandes guerras, parece haver uma resistência menor do que a nossa em abrir mão de uma série de liberdades individuais - inclusive a de ganhar dinheiro. Pelo bem da nossa população de risco, precisamos fazer o mesmo no Brasil.

Assusta que não tenhamos medidas mais efetivas para evitar aglomerações, que os turistas estejam circulando livremente, que estejamos sob um teto que restringe gastos na saúde em um momento tão delicado. É necessário que o coronavírus, com suas consequências para a saúde e a economia do país, seja levado a sério. A hora de agir é agora.

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