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Cidade

Mulher perde nove familiares na Tragédia de Presidente Getúlio: "um pedaço de mim foi embora"

Vítimas estavam em casa no momento em que a enxurrada arrastou e destruiu imóveis na localidade mais afetada pelo fenômeno.

NSCTotal
por  NSCTotal
18/12/2020 08:50 – atualizado há 3 anos
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Enquanto os socorristas procuravam pelas vítimas sob a lama e escombros deixados pela tragédia de Presidente Getúlio nesta quinta-feira (17), uma mulher chorava copiosamente. Segurando as próprias mãos, olhava ao redor como se esperasse por um abraço. De repente, uma bombeira voluntária surge e, parecendo entender o pedido silencioso, envolve Dorita Wiese, 55, entre os braços.

A mulher perdeu nove pessoas da família. Filho, nora, mãe, sobrinhos e irmãos, diz publicação do Jornal de Santa Catarina.

— Por que Deus permitiu isso? Minha família sempre foi unida, de pessoas boas...Por que a minha?

Ela tenta encontrar a resposta.

Dorita trabalha em uma malharia da cidade. Na noite desta quarta-feira (16), ao sair da empresa logo após as 22h, não conseguiu chegar na casa em que vive com o marido, a filha e a neta por causa de alguns pontos de alagamento. A chuva já começava a ganhar força e por isso decidiu dormir na residência de uma família de conhecidos.

Na manhã desta quinta-feira (17) conseguiu seguir pela RuaGetúlio Vargas, no bairro Revólver, com dificuldade. A viapavimentada setornou um mar de lama. Alguns trechos cederam. Durante otrajeto a pé, encontrou os bombeiros levando uma pessoa. Nem mesmo asujeira impediu que reconhecesse aquele rosto.

Era a cunhada, Francielli Wiese, que morreu horas depois nohospital. Os socorristas então avisaram que três casas com asfamílias dentro foram arrastadas pela enxurrada.

Uma delas era de um dos oito irmãos de Dorita, marido deFrancieli. O homem de 44 anos estava com a esposa e os dois filhos de13 e 5 anos. Momentos antes da água descer com mais força, ilhadona varanda, pediu socorro com a luz da tela do celular, relataramvizinhos.  Não houve o que fazer.

A enxurrada arrastou o que viu pela frente. A menina de 13 anosfoi arremessada contra o muro e ficou agarrada à estrutura. Viu ospais e o caçula serem levados. Foi a única encontrada com vida atéo momento.

Dos quatro imóveis que deveriam estar nesta foto, restou apenas um.(Foto: Patrick Rodrigues)

Da casa da frente, onde morava a mãe de Dorita, restou apenas umagrande árvore florida que era o xodó do quintal. Pouco mais abaixo,do outro lado da rua, uma casa permaneceu intacta. Era a do filhomais novo de Dorita, Andrei Bozan, de 28 anos. Ele e a esposa, BrunaBozan, tentaram deixar o imóvel no momento da tragédia e acabaramcarregados pela correnteza.

— Um pedaço de mim foi embora. Nenhuma mãe deveria perder umfilho. Ele era tudo na vida da gente. Trabalhador, queria terminar acasa e ter filhos. Dava banho no pai todos os dias, que é acamado —conta Dorita.

O outro irmão dela, Dieter Wiese, de 50 anos, a mulher, AdrianaWiese e o filho de 17 também sumiram após terem a casa destruída.Todos viviam na Rua Getúlio Vargas, a mais afetada pelas chuvas. Ade Dorita não teve danos significativos.



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