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Saúde

Ministério divulga protocolo que libera no SUS uso de cloroquina até em casos leves de covid-19

Estudos internacionais não encontraram eficácia do remédio. Documento do governo afirma que não há garantia de cura e que o medicamento pode até levar à morte.

G1
por  G1
20/05/2020 10:44 – atualizado há 3 anos
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O Ministério da Saúde divulgou nesta quarta-feira (20) o protocolo que libera no SUS o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina até para casos leves de covid-19. Até então, o protocolo previa os remédios para casos graves.

A mudança no protocolo era um desejo do presidente Jair Bolsonaro, defensor da cloroquina no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus. Não há comprovação científica de que a cloroquina é capaz de curar a covid-19. Estudos internacionais não encontraram eficácia no remédio e a Sociedade Brasileira de Infectologia não recomenda o uso.

O protocolo da cloroquina foi motivo de atrito entre Bolsonaro e os últimos dois ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Em menos de um mês, os dois deixaram o governo.

O novo protocolo mantém a necessidade de o paciente autorizar o uso da medicação e de o médico decidir sobre a aplicar ou não o remédio.

O termo de consentimento, que deve ser assinado pelo paciente, ressalta que "não existe garantia de resultados positivos" que "não há estudos demonstrando benefícios clínicos".

O documento afirma ainda que o paciente deve saber que a cloroquina pode causar efeitos colaterais que podem levar à "disfunção grave de órgãos, ao prolongamento da internação, à incapacidade temporária ou permanente, e até ao óbito".

Estudos não veem eficácia

A cloroquina e a hidroxicloroquina (derivado da cloroquina e guarda as mesmas propriedades, mas tem a toxicidade atenuada) já são usadas no tratamento da malária e algumas doenças reumáticas como artrite reumatoide e lúpus.

Uma das principais pesquisas para saber se os remédios poderiam ser usados no combate à covid-19 teve resultado publicado este mês na revista científica “Jama” (“Journal of the American Medical Association”).

O estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Albany, nos EUA, não encontrou relação entre o uso do medicamento e a redução da mortalidade pela doença. Foram analisados 1.438 pacientes infectados com coronavírus, em 25 hospitais de Nova York.

A taxa de mortalidade dos pacientes tratados com hidroxicloroquina foi semelhante à dos que não tomaram o medicamento, assim como à das pessoas que receberam hidroxicloroquina combinada com o antibiótico azitromicina.

Ainda segundo os autores do estudo, os pacientes que tomaram a combinação de medicamentos tiveram duas vezes mais chances de sofrer parada cardíaca. Problemas cardíacos são um efeito colateral conhecido da hidroxicloroquina.

Outra pesquisa sobre o tratamento com hidroxicloroquina, cujo resultado foi publicado recentemente na revista britânica "The New England Journal of Medicine", já havia apresentado conclusão semelhante à divulgada pela “Jama”.

O estudo, feito no Presbyterian Hospital, em Nova York, e revisado por outros cientistas, não encontrou evidências de que a droga tenha reduzido o risco de intubação ou de morte pela covid-19.

Foram analisados pacientes em quadros moderados a graves.

Entre 1.376 pessoas acompanhadas, pacientes com e sem o tratamento com a droga apresentaram o mesmo risco de uma piora, necessidade de intubação e de morte.

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