O gesto de um menino de 11 anos, morador de Antônio Prado, mostra que a solidariedade está ao alcance de todos. Preocupado com as notícias sobre a pandemia de coronavírus e com a escassez de recursos do sistema público de saúde, Leonardo Cambruzzi Maziero decidiu que iria fazer a parte dele para ajudar o único hospital da cidade em que mora. Com a venda de latinhas de alumínio, arrecadou R$ 21,45, que foram entregues à instituição na semana passada. Apesar de singela, a ação surpreendeu até mesmo a família do garoto e ganhou repercussão positiva nas redes sociais.
Léo, como é chamado pelos familiares e amigos, conta que coletou latinhas durante cinco dias e depois vendeu o material para uma reciclagem da cidade. Tímido, ele diz que resolveu ajudar o hospital porque um dia também pode precisar dos cuidados da instituição:
— A gente nunca sabe quando pode precisar, né? — disse, por telefone.
Nas redes sociais, o menino, que sonha em ser goleiro ou caminhoneiro, detalhou a boa ação:
— Eu queria poder ter doado mil vezes mais que isso. Tudo o que eu consegui juntar de latas em uma semana está ali. Fiquei feliz, muito feliz de Deus me dar a oportunidade de ajudar — escreveu.
A mãe dele, Zuleide Cambruzzi, 32 anos, conta que foi surpreendida pela atitude do filho. A família, segundo a mãe, como renda familiar, eles contam com auxílio do Bolsa Família, no valor de R$ 212, e o Benefício de Prestação Continuada à Pessoa com Deficiência, que equivale a um salário mínimo. Zuleide e Adair Maziero também são pais de Eduardo, 4, e Rafael, 13.
— Eu fiquei bastante surpresa porque ele poderia ter comprado alguma coisa para ele com esse dinheiro. Na verdade, quem sempre é ajudado somos nós. Mas ele me disse “mãe, vou ajudar porque pode ser que esteja faltando esse dinheiro para comprar um respirador”. O Léo sempre teve um bom coração — afirma a dona de casa.
Além da atitude positiva do filho, Zuleide conta que a família tem mais um motivo para comemorar: na última semana, a dona de casa foi informada que ganhará uma moradia com apoio da administração municipal. Atualmente eles vivem em uma casa na Linha Scavuzzi, em Antônio Prado.
O caso teve intermédio da Defensoria Pública, diante da situação de extrema vulnerabilidade social da família.
— Aqui onde estamos está caindo. Tem muitas frestas e buracos, entra bicho. O Léo e os irmãos acabam sofrendo. Graças a Deus conseguimos a ajuda da defensoria — acrescenta a mulher.