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Economia

Mais de 6 mil famílias brasileiras foram despejadas durante a pandemia

Levantamento foi feito a partir de informações colhidas entre março e agosto, por meio de denúncias, formulários on-line e banco de dados do Observatório das Remoções e de Defensorias Públicas.

O Sul
por  O Sul
03/10/2020 22:38 – atualizado há 3 anos
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Mais de 6 mil famílias brasileiras foram despejadas de suas casas durante a pandemia do novo coronavírus. O mapeamento de dados sobre despejos e remoções no território nacional foi feito por mais de 40 entidades que integram a Campanha Despejo Zero, lançada em julho deste ano. A iniciativa pede a suspensão desses processos durante a pandemia.

“Os governos não poderiam estar, neste momento de pandemia, retirando as famílias de suas moradias, qualquer que seja a moradia em que estejam, porque a orientação mundial é que as famílias fiquem em casa. Porque você está aumentando a vulnerabilidade de famílias que já deveriam ter sido acolhidas por políticas públicas de habitação e não foram”, disse a coordenadora da equipe de urbanismo do Instituto Pólis, Margareth Uemura. O Pólis é uma das entidades que integram a campanha.

O levantamento foi feito a partir de informações colhidas entre 1º de março e 31 de agosto, por meio de denúncias, formulários on-line e banco de dados do Observatório das Remoções e de Defensorias Públicas.

“A campanha se constituiu justamente porque o governo federal, a Presidência da República, não tomou nenhuma medida de impedir que isso acontecesse. Os deputados federais fizeram um projeto de lei [PL 1.975/20], que está lá na Câmara dos Deputados tramitando justamente solicitando que esses deslocamentos, essas remoções, não sejam feitos durante a pandemia”, disse Margareth. O projeto ainda não foi votado.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O Amazonas concentra 47% dos casos, com 3 mil despejos. São Paulo também tem um grande número de famílias removidas de casa: foram 1,68 mil despejos, o equivalente a 26% do total de casos. Também foram constatadas remoções em Minas Gerais, Pernambuco, Sergipe, Roraima, Paraná, Santa Catarina, Maranhão, Rio Grande do Norte, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

O mapeamento revelou que as principais justificativas para os despejos foram as reintegrações de posse, conflitos com proprietários e impacto devido a obras públicas. A retirada das famílias ocorreu apesar das orientações da Comissão de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).

“Temos a OMS [Organização Mundial de Saúde] dizendo que a melhor medida é proteger as famílias e que elas fiquem em casa. E temos ainda tem a orientação da ONU, tanto do relator Balakrishnan Rajagopal, como orientação do Alto Comissariado dos Direitos Humanos para também não ter essas remoções. É [para] paralisar as remoções no período de pandemia”, enfatizou Margareth.

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