Governo do RS testa rastreabilidade bovina com projeto piloto em Hulha Negra

Iniciativa busca garantir controle sanitário, transparência na cadeia produtiva e acesso a mercados internacionais

Por Redação Publicado em 03/06/2025 21:31 - Atualizado em 03/06/2025 21:47

O governo do Rio Grande do Sul deu início a um projeto piloto de rastreabilidade individual bovina, que promete modernizar o controle sanitário do rebanho gaúcho e ampliar o acesso do estado a mercados internacionais. A iniciativa é coordenada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e está em fase de testes no Centro Estadual de Pesquisa e Diagnóstico em Sistema de Produção e Meteorologia Aplicada (CESIMET), localizado no município de Hulha Negra, na região da Campanha.

O projeto envolve tecnologias avançadas de identificação dos animais, como microchips, além de um sistema de biometria nasal, que permite reconhecer cada bovino por meio de suas características físicas únicas. As informações coletadas são integradas em tempo real a sistemas oficiais, possibilitando o acompanhamento detalhado da origem, movimentação e destino dos animais.

De acordo com o secretário adjunto da Seapi, Márcio Madalena, o objetivo é colocar o estado entre os pioneiros na adoção da rastreabilidade bovina no país. “Já estamos trabalhando na modernização do nosso Sistema de Defesa Agropecuária (SDA) e em diálogo constante com o setor produtivo. Isso nos permite avançar de forma consistente para transformar a rastreabilidade em uma realidade no Rio Grande do Sul”, destaca.

O projeto não possui prazo definido para encerramento e deve ser expandido nas próximas etapas. Segundo o diretor adjunto do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Seapi, Francisco Lopes, a intenção é levar os testes também para o Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), em Eldorado do Sul, além de iniciar, ainda este ano, experimentações em propriedades privadas.

“A proposta é não apenas validar o que já existe, mas também testar novos desenvolvimentos. Queremos garantir que o sistema funcione de maneira eficiente e segura quando for implementado em larga escala”, afirma Lopes.

Plano Nacional estabelece prazos

O projeto desenvolvido no Rio Grande do Sul está alinhado ao Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos, lançado em dezembro de 2024 pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O cronograma federal prevê que a identificação dos animais comece em 2027, com prazo final para todo o rebanho nacional até 2032.

Além de fortalecer o controle sanitário, a rastreabilidade também é uma exigência crescente de mercados internacionais, especialmente da União Europeia, que demandam transparência na cadeia produtiva e garantias sobre a origem dos alimentos.

O campo experimental do CESIMET reúne infraestrutura de pesquisa, profissionais capacitados e apoio da Procergs, responsável pela tecnologia da informação do governo estadual. “Esse ambiente favorece a construção de uma política pública robusta, segura e funcional, que poderá ser referência para outros estados brasileiros”, avalia Francisco Lopes.

Modernização e competitividade

A adoção da rastreabilidade é considerada um passo decisivo para a modernização da defesa agropecuária no estado, aumentando a competitividade do produto gaúcho no mercado global e agregando valor à pecuária local.

“Estamos construindo um modelo que não só atende às exigências sanitárias, mas também agrega credibilidade e sustentabilidade à cadeia produtiva”, conclui o secretário adjunto Márcio Madalena.