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Cidade

Frigorífico é foco do surto de coronavírus em Passo Fundo

Planta da JBS está sob fiscalização de auditores fiscais do trabalho desde segunda; empresa nega suspeita de não ter observado normas sanitárias

GZH
por  GZH
23/04/2020 21:16 – atualizado há 3 anos
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A empresa que se tornou foco de um surto de coronavírus entre seus funcionários, em Passo Fundo, é a unidade do frigorífico JBS no município. O anúncio da existência do problema foi feito pelo governador Eduardo Leite e pela secretária da Saúde, Arita Bergmann, na tarde desta quinta-feira (23), sem a citação de nomes. 

GaúchaZH apurou que se trata da JBS, cuja planta está sob inspeção de dois auditores fiscais do trabalho desde segunda-feira (20). A expressão surto costuma ser usada quando novos casos de uma doença se concentram em determinado local ou região. A JBS nega irregularidades e diz estar seguindo rigorosamente as normas ditadas pelas autoridades de saúde (veja contraponto ao final).

Os auditores fiscais do trabalho apuram se a empresa deixou de observar regras sanitárias que evitassem a propagação do vírus entre os seus trabalhadores. A tendência é de que a fiscalização seja encerrada nesta sexta-feira (24), com a emissão de relatório e determinação de eventuais providências. As informações foram confirmadas pela seção de Segurança e Saúde do Trabalho, da Superintendência Regional do Trabalho, órgão vinculado ao Ministério da Economia.

Nas inspeções, problemas teriam sido detectados na unidade. Segundo informações do Ministério Público do Trabalho (MPT), 19 funcionários da JBS em Passo Fundo testaram positivo para a Covid-19. E dois familiares deles morreram por força da doença, acrescenta o órgão. O MPT se baseia em um relatório da Secretaria Estadual da Saúde (SES) para contabilizar os números de infectados da empresa, os quais foram reproduzidos em petições distribuídas nesta quinta-feira na Justiça do Trabalho de Passo Fundo.

No total, Passo Fundo contabiliza 73 casos confirmados e seis óbitos. São os segundos maiores números absolutos de incidência da doença no Rio Grande do Sul, atrás apenas de Porto Alegre.

— Temos um caso específico em Passo Fundo de contágio em local de trabalho em uma empresa. Isso está sendo apurado e investigado, tem acompanhamento do MPT também. Toda atenção está sendo dada a Passo Fundo — disse Leite, em transmissão ao vivo, via redes sociais, nesta quinta.

O MPT, citado pelo governador, também atua no caso da JBS e já detectou problemas que teriam levado à transmissão de coronavírus na planta. O órgão abriu um inquérito, alega ter detectado fragilidades e tentou fazer um acordo extrajudicial com a empresa para a adoção de medidas de prevenção, mas não houve avanço. Por isso, o MPT ingressou com ação civil pública pedindo o afastamento de todos os trabalhadores da unidade por 14 dias, além de uma série de medidas de prevenção nas rotinas. Não há decisão até o momento.

— Além dos 19 casos positivos na unidade da JBS, a informação que temos é de que outros 15 são suspeitos e aguardam testes. A empresa traz trabalhadores de várias cidades da região. Acaba sendo um vetor de contaminação. Hoje, há casos em Passo Fundo, Ibirapuitã e Ronda Alta — diz Priscila Schvarcz, procuradora do trabalho em Passo Fundo e coordenadora estadual do projeto de fiscalização de frigoríficos do MPT.

A pedido da reportagem, o prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo (PSB), disse que "aguarda algumas respostas".

—Estamos acompanhando o caso com responsabilidade. Todas as providências são tomadas sempre no sentido de orientar as empresas e proteger as pessoas. É importante aguardar algumas respostas que estão sendo buscadas. É prematuro falar em surto. Isso causa medo e confunde as pessoas. Se houve negligência da empresa, medidas duras serão tomadas. Se não houve, isso será explicado — ponderou o prefeito.

Contraponto

O que diz a JBS

"A JBS está entre as empresas que atuam em atividades essenciais com a produção de alimentos. Desde o início do avanço da Covid-19 no Brasil, a empresa tem tomado todas as medidas para garantir a máxima segurança e prevenção de seus colaboradores. As ações seguem as determinações dos órgãos de saúde, como a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o Ministério da Saúde, e da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia, além de seguirem as orientações de consultoria clínica de médicos especializados contratados pela empresa para adoção das melhores práticas."

A JBS ainda enviou material à reportagem em que lista as principais medidas adotadas para fazer prevenção: segurança para grupos de risco, higienização e desinfecção, distanciamento seguro, cuidados pessoais, equipamentos de proteção individual, veto a aglomerações, contratação de consultoria clínica, vacinas e monitoramento e orientações de proteção.

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