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Mundo

Explosão em Beirute tem semelhanças com incidente ocorrido em SC em 2013, diz perito do IGP

Diretor da Academia de Perícias do Instituto Geral de Perícias de Santa Catarina explica a similaridade entre os dois casos.

Oeste Mais
por  Oeste Mais
06/08/2020 14:42 – atualizado há 3 anos
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A trágica explosão na região portuária de Beirute, tem semelhanças com o incidente ocorrido no porto em São Francisco do Sul, em setembro de 2013. É o que explica o diretor da Academia de Perícias do Instituto Geral de Perícias de Santa Catarina (IGP/SC), Rogério Tocantins.

“As informações que chegaram ainda são muito dispersas, mas de acordo com o que já foi divulgado, na explosão de Beirute há a presença de nitrato de amônio, não se sabendo ainda ao certo tratar-se de nitrato de amônio puro ou de compostos fertilizantes à base de nitrato de amônio”, afirma.

Segundo ele, os fertilizantes à base de nitrato de amônio entram em decomposição térmica em temperaturas acima de 210°C. Como o fertilizante não é um material combustível, geralmente essa decomposição térmica ocorre quando há um incêndio (ou outra fonte de calor) nas proximidades da carga de fertilizante. Os fertilizantes à base de nitrato de amônio com concentrações superiores a 60% de nitrato de amônio em sua composição possuem risco de explosão, principalmente quando envolvidos em situações de incêndio, que promove uma súbita decomposição térmica que pode evoluir para uma detonação, como ocorreu em Beirute.

São Francisco do Sul

Rogério Tocantins destaca que em São Francisco do Sul foi semelhante a questão da decomposição térmica, mas o fator que desencadeou a decomposição térmica autossustentável foi uma combinação de fatores de acidez produzida pela absorção de umidade, aliada à presença de cloreto, catalizador da decomposição térmica. Fazendo assim com que a decomposição acontecesse em temperaturas próximas de 50°C.

“Apesar de ter sido noticiado como um ´incêndio químico’, não houve incêndio, não houve presença de chama. O material fertilizante de São Francisco do Sul tinha uma composição de 60% de concentração de nitrato de amônio, sendo, portanto, passível de explosão”, explica.

Foto: Corpo de Bombeiros

Isso significa que o fato de não ter ocorrido incêndio em São Francisco do Sul foi fator preponderante para que a tragédia não fosse ainda maior. “Se tivesse ocorrido um incêndio em São Francisco do Sul, a explosão teria uma magnitude duas ou três vezes maior que a de Beirute, já que havia 10 mil toneladas de material em São Francisco do Sul contra 2,7 mil toneladas em Beirute”, detalha o diretor do IGP.

Impactos na população

Conforme o Corpo de Bombeiros Militar de SC, na ocasião, os moradores da cidade precisaram evacuar o local, inclusive os pacientes de um hospital, tamanho risco provocado pela reação. Mais de 150 pessoas foram hospitalizadas em Santa Catarina devido a intoxicações e mais de dez mil foram atingidas pela fumaça em sete bairros do município.

Foram necessários três dias de combate, em que foi evitada uma possível explosão. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontou que a fumaça de São Francisco do Sul chegou ao litoral sul de São Paulo.

Em Santa Catarina a situação foi controlada no dia 27 de setembro, utilizando técnicas para resfriamento do galpão - que chegou a 265 graus de temperatura, com a participação de 200 bombeiros, entre outras instituições.

Sobre o nitrato de amônio

A substância se apresenta como pó ou grânulos solúveis e não deve ser aquecida. Quando exposto a temperaturas acima de 280°C, as reações podem resultar em uma explosão. O material, além de ser utilizado na fabricação de fertilizantes, é um importante insumo na fabricação de explosivo.

Armazenamento

Rogério também alerta sobre a atenção para a necessidade de se reforçar o controle das cargas transportadas e armazenadas. “Depois do caso em São Francisco houve uma regulamentação de controle do armazenamento deste material. Esse material não pode ser armazenado em grande quantidade”, lembra o perito do IGP.

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