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Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil / CP
Saúde

Estudo chama atenção para uma epidemia global de câncer em pessoas abaixo de 50 anos

Pesquisadores afirmam que desde 1990 houve um aumento drástico dos casos da doença nesta faixa etária em todo o mundo

Correio do Povo
por  Correio do Povo
16/09/2022 16:50 – atualizado há 9 meses
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Nos últimos anos, mais especificamente desde 1990, o número de casos de câncer em adultos com menos de 50 anos têm aumentado drasticamente. A estimativa é de um estudo publicado recentemente na Nature Reviews Clinical Oncology.

Os pesquisadores do Brigham and Women's Hospital indicam que a incidência precoce foi encontrada no câncer de mama, colorretal, endométrio, esôfago, ducto biliar extra-hepático, vesícula biliar, cabeça e pescoço, rim, fígado, medula óssea, pâncreas, próstata, estômago e tireoide.

"Descobrimos que esse risco está aumentando a cada geração. Por exemplo, as pessoas nascidas em 1960 experimentaram maior risco de câncer antes de completar 50 anos do que as pessoas nascidas em 1950, e prevemos que esse nível de risco continuará a subir em gerações sucessivas", explicou o professor e médico-cientista do Departamento de Patologia do Brigham, Shuji Ogino.

O método do estudo partiu da análise detalhada e extensa dos dados disponíveis sobre o aumento dos casos e as características clínicas e biológicas dos 14 tipos de câncer – na literatura e de forma on-line –, comparando o início precoce ao tardio (em pessoas após os 50 anos) da doença.

Os pesquisadores também examinaram quais seriam os possíveis fatores de risco que mudaram o "antigo padrão" de ocorrência do câncer. Após a revisão, eles descobriram que as influências ambientais e respostas biológicas do início da vida, como a dieta, o estilo de vida, peso, exposições ambientais e microbioma (todos microorganismos que residem nos tecidos e fluidos humanos), mudaram substancialmente nas últimas décadas.

Sendo assim, a hipótese provável é que a dieta e o estilo de vida ocidentalizados podem estar ligados à epidemia de câncer precoce. Os fatores de risco já conhecidos e comprovados para o câncer são o consumo de álcool, privação de sono, tabagismo, obesidade e consumo de ultraprocessados, por exemplo.

Mais um dado encontrado pelos pesquisadores que pode reforçar a hipótese é que não há diferença expressiva na duração do sono dos adultos de 1990 e os de hoje, mas as crianças estão dormindo muito menos do que décadas atrás.

O aprimoramento das medidas de localização e detecção da doença, por meio de programas de rastreamento do câncer, também pode ter sido responsável pelo aumento, mas os cientistas acham improvável que esta seja a única causa.

O estudo notou ainda que a escolha de alimentos ultraprocessados, como bebidas açucaradas, a obesidade, diabetes tipo dois, estilo de vida sedentário e consumo de álcool tiveram um aumento significativo nos últimos anos, o que sugere que estes fatores estão ligados à alteração do microbioma.

"Entre os 14 tipos de câncer em ascensão que estudamos, oito estavam relacionados ao sistema digestivo. A comida que comemos alimenta os microorganismos em nosso intestino. A dieta afeta diretamente a composição do microbioma e, eventualmente, essas mudanças podem influenciar o risco e os resultados da doença", disse o autor principal do estudo, Tomotaka Ugai.

A única limitação da pesquisa foi o fato de os cientistas não terem acesso a uma quantidade considerável de dados de países de renda média e baixa. No futuro, os pesquisadores pretendem coletar mais informações e trabalhar junto com os institutos de pesquisa internacionais, para monitorar as tendências globais da doença. Além disso, ressaltam a importância de incluir crianças pequenas em estudos a longo prazo sobre o assunto, para que elas sejam acompanhadas por várias décadas. "Sem esses estudos (com crianças), é difícil identificar o que alguém com câncer fez décadas atrás ou quando era criança", informa Ugai.

E acrescenta: “por causa desse desafio, pretendemos realizar mais estudos no futuro, onde seguimos o mesmo número de participantes ao longo de suas vidas, coletando dados de saúde, potencialmente de registros eletrônicos de saúde, e bio espécimes em pontos de tempo definidos. Isso não é apenas mais econômico, considerando os muitos tipos de câncer que precisam ser estudados, mas acredito que nos dará insights mais precisos sobre o risco de câncer para as próximas gerações".

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