O suspeito de matar três pessoas da mesma família após uma discussão de trânsito no domingo (26), foi preso na tarde desta terça-feira (28).
Em coletiva de imprensa, a polícia afirmou que o atirador se apresentou por volta das 16h, na 4ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Porto Alegre, acompanhado de um advogado. Em depoimento, alegou legítima defesa.
Dionatha Bitencourt Vidaletti é praticante de airsoft, modalidade esportiva que simula um combate militar entre equipes com o uso de armas de pressão.
Segundo ele, ao alcançar o Aircross que teria colidido na sua Ecosport, as vítimas teriam descido do veículo e passado a agredi-lo. Ele disse que caiu no chão e começou a levar coronhadas com uma arma que seria da família. Ele teria conseguido desarmá-los e jogar a pistola para longe. A mãe do atirador teria pego a arma e disparado contra o chão. As agressões teriam cessado.
Pouco depois, segundo relato, a família voltou a atacá-lo. Ele disse que teria conseguido se desvencilhar e se aproximado da mãe para pegar a arma. Ele disse que mandou ela entrar no carro para irem embora.
Quando os dois estavam no veículo, disse que o casal teria aberto a porta do carona e passado a agredir sua mãe. Afirmou que saiu do veículo, contornou o carro e realizou os disparos. O filho do casal teria se aproximado e também foi baleado. O autor dos disparos disse que se desfez da arma e foi embora. A pistola 9 milímetros usada no crime ainda não foi encontrada.
O preso disse que, depois dos disparos, entrou no veículo e voltou para casa. Ele afirmou que escondeu o veículo no galpão e se refugiou em um matagal próximo.
— Em alguns momentos, confirma depoimento de testemunhas, mas em outros apresenta contradições — afirmou o diretor de investigações do Departamento de Homicídios, delegado Eibert Moreira.
A mãe do homem, que não é investigada no momento, deve ser ouvida, assim como a irmã e o pai dele. A defesa disse aos policiais que o último contato entre ele e a mãe teria ocorrido no domingo, dia do crime.
Responsável pela investigação, o delegado Rodrigo Pohlmann afirma que o homem demonstra arrependimento:
— É o depoimento de alguém que está transtornado com o que fez. Disse que queria proteger a mãe. Sempre que tocava no nome dela, chorava. Dizia que queria retirar a mãe daquele ambiente. Demonstra que se arrepende, que poderia ser resolvido de outra forma.
Conforme Pohlmann, o preso trouxe, em seu depoimento, particularidades que precisarão ser confrontadas. Entre elas, destaca o delegado, a informação de que a pistola não seria dele e, sim, de uma das vítimas.
— No primeiro depoimento que a gente tem, a testemunha em nenhum momento disse que a pistola estava com o motorista. Já há uma contrariedade. Vamos ouvir mais pessoas para desenhar como o fato ocorreu — finalizou Pohlmann.
O homem deve ser indiciado por três homicídios duplamente qualificado, por motivo fútil e por impossibilidade de defesa das vítimas.