Erechim ganha reforço no IGP, mas ainda enfrenta desafios estruturais
Erechim será contemplada com duas contratações emergenciais para médicos legistas e ao menos um auxiliar de perícia, o que deve aliviar parte da pressão sobre o serviço.
Com uma população que ultrapassa os 105 mil habitantes, Erechim é uma das cidades que mais sofrem com a escassez de profissionais no Instituto-Geral de Perícias (IGP) no Rio Grande do Sul. Até agora, apenas uma médica legista atende o município — e, além disso, é responsável por cobrir uma área que engloba outros 42 municípios das regiões Norte e Alto Uruguai. Essa sobrecarga compromete a agilidade e a eficácia de serviços essenciais, como exames de necropsia, verificação de lesões corporais e laudos periciais.

A situação deve começar a mudar com a aprovação do Projeto de Lei 96/2025, sancionado recentemente pela Assembleia Legislativa. Erechim será contemplada com duas contratações emergenciais para médicos legistas e ao menos um auxiliar de perícia, o que deve aliviar parte da pressão sobre o serviço.
Segundo o governo estadual, os novos servidores terão contrato de 12 meses, prorrogável por mais um ano, e antes de assumirem suas funções passarão por um treinamento técnico, salvo os que já tiverem experiência comprovada na área.
Apesar de o reforço ser comemorado por autoridades locais, ele não elimina todos os gargalos. A falta de estrutura física e de recursos humanos de apoio, como auxiliares de necropsia, continua sendo um entrave para a realização de procedimentos mais complexos.
“O espaço onde está o IGP em Erechim é pago pela prefeitura, que também paga os estagiários e o serviço de internet. Já investimos mais de R$ 30 mil em reformas com recursos da Associação de Municípios do Alto Uruguai (Amau), mas seguimos com apenas uma perita para toda a região”, relata o prefeito Paulo Polis.
O reforço emergencial é parte de um pacote mais amplo, que também prevê a prorrogação de contratos temporários em outras regiões e a realização de um concurso público com 234 vagas para o IGP. No entanto, mesmo com esses avanços, a interiorização efetiva dos serviços periciais ainda está longe de ser alcançada.
De acordo com a presidente da Famurs e prefeita de Nonoai, Adriane Perin de Oliveira, o tema continuará entre as prioridades da entidade. “Não basta contratar mais pessoas. É preciso garantir que o interior tenha condições estruturais e humanas para manter um atendimento digno à população”, afirma.
A esperança é que, com os novos profissionais e um esforço coordenado entre estado e municípios, Erechim consiga garantir um serviço pericial mais eficiente — não apenas para os moradores da cidade, mas para toda a região Norte.