Enem e vestibulares: amenizar a pressão e a ansiedade é fundamental para um bom desempenho nas provas

O Enem será aplicado nos dias 9 e 16 de novembro, em meio à realização de diversos vestibulares pelo país. Nesse período, é comum que os estudantes fiquem mais ansiosos e emocionados, o que pode afetar o desempenho nas provas.

Por Mara Andrich Publicado em há 5 horas

A adolescência, por si só, é um período em que muitas mudanças ocorrem na vida do indivíduo, não somente emocionais, mas também físicas, o que certamente traz sentimentos conflitantes, dúvidas e incertezas sobre o futuro. Soma-se a isso o período em que o estudante está saindo do Ensino Médio e entrando na faculdade, o que sinaliza mais responsabilidades em sua vida. Em época de preparação para grandes provas, como o Enem e vestibulares, as emoções ficam ainda mais à flor da pele e podem surgir sentimentos como ansiedade, maior sensibilidade, tristeza, medo, cansaço, esgotamento físico e mental, entre outros – tudo isso somado à pressão por resultados positivos.

“A pressão pode vir do próprio indivíduo, que se cobra, mas em grande parte ela vem do ambiente externo, da sociedade em geral, que acredita que a pessoa sai do Ensino Médio e deve, necessariamente, entrar numa faculdade. Por isso, é preciso saber equilibrar tudo isso e entender que cada indivíduo tem seu tempo”, ressalta a professora do curso de Psicologia da FAE Centro Universitário, Jocimara Rocha.

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Veja outros pontos a se considerar, segundo a professora, especialmente nesses períodos em que os desafios se mostram ainda maiores para os estudantes.

Respeitar o tempo de cada indivíduo


É comum que o estudante se sinta pressionado nesse período que antecede provas importantes. Mesmo que de forma inconsciente, a família, amigos e professores acabam depositando uma expectativa grande nele para que entregue bom desempenho nas provas e consiga uma vaga em uma universidade o quanto antes. Mas os especialistas alertam: é preciso encontrar um equilíbrio entre a pressão positiva e o bem-estar da pessoa que passa por esse período desafiador. “É preciso cuidar da rotina dos filhos,estimulando-os aos estudos, mas também ficar atento ao socioemocional, que é o mais importante para que eles se saiam bem nas provas”, diz Jocimara.

Diálogo é fundamental


O nível de pressão e ansiedade sentida pelos jovens em períodos pré-prova é variável. “Tudo vai depender das características pessoais de cada indivíduo, de como ele se relaciona consigo mesmo”, ressalta Jocimara. No entanto, independentemente disso, o diálogo com a família, professores, amigos e todos que estão no seu entorno é importante nessa fase. “Muitos estudantes até desistem de cursos concorridos porque passam a não acreditar em si mesmos, não entendem, por exemplo, que entrar numa faculdade mais difícil faz parte de um projeto de vida, que pode ser mais demorado, que pode não acontecer tão rapidamente”, observa. Então, por isso o diálogo com todos que estão no seu entorno é fundamental. “Para que a pressão não paralise, e também para que seja mais fácil de lidar com a frustração”, aconselha a psicóloga.

O papel dos professores


Muitas vezes, o estudante se sente melhor em conversar com seus professores e orientadores em vez de falar com alguém da família. Por isso, a escola tem que estar ciente de que deve haver equilíbrio entre uma boa preparação e a preservação da saúde mental. Segundo a psicóloga, os professores devem estar engajados nas metas dos seus alunos, mas, ao mesmo tempo, devem ajudá-los a cultivar o bem-estar, incentivando-os ao exercício das habilidades socioemocionais. “Os professores podem atender os estudantes os aconselhando, acalmando e mostrando os caminhos, sempre respeitando a evolução e a característica de cada um deles. Mas é preciso deixar claro que eles passam por um período de construção, e que muitas vezes esse período pode ser longo, evitando ou amenizando uma possível frustração”, observa a professora.

Quando procurar ajuda profissional


Não parece, mas a ansiedade, o medo, as emoções podem ter características positivas: elas são impulsionadoras do indivíduo, fazem com que ele se mova, com que transforme pensamentos em ação, e assim têm caráter protetivo. Mas é preciso ligar o alerta quando essas emoções começam a paralisar a pessoa, a fazer com que ela diminua o ritmo de estudos, deixe de fazer suas atividades rotineiras como fazia antes, incluindo as atividades prazerosas, como prática de esportes e de lazer. “Quando o jovem começa a paralisar, a travar em suas ações diárias e a diminuir seu rendimento, aí é preciso procurar ajuda profissional”, ressalta.

O que fazer nos dias próximos às provas?


A professora Jocimara recomenda que os estudantes cuidem da qualidade do sono e da alimentação – que seja saudável e leve – e que continuem praticando atividades relaxantes, como esportes, ir ao cinema, conversar com amigos, entre outras. “Isso tudo vai ajudar a aliviar a tensão e vai influenciar no bom desempenho do estudante nos dias de prova”, afirma. A professora lembra que o Enem, por exemplo, é uma prova de resistência, em que o estudante precisa estar com o raciocínio bom e rápido, pois não pode demorar muito para responder às questões. Por isso é tão importante o descanso pré-prova. “Exagerar nos estudos na véspera, nem pensar”, aconselha.

Um dia antes da prova, também é necessário pensar na organização, fazendo um check list do que é preciso levar e já deixar tudo separado para não ter correria e não esquecer de nada. Verificar documentos, comprovantes, canetas, entre outros itens obrigatórios e recomendados no edital do concurso. E após uma boa noite de sono, precedida por uma atividade relaxante e alimentação equilibrada, é preciso respirar fundo e não se afobar para tentar conseguir bons resultados.

Também é recomendável visitar o local de prova: ir de ônibus ou qualquer outro tipo de transporte para verificar o tempo para chegar até lá é uma boa dica. E no dia, sair ainda antes de casa, pois o movimento no trânsito pode ser ainda maior.