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Cuba: censura e prisões ilegais marcam o fim da ilusão dos artistas com o socialismo

Por ironia essas são algumas das categorias profissionais que costumam fechar os olhos aos horrores das ditaduras socialistas a admitir seu fracasso.

Cristina Graeml/Gazeta do Povo
por  Cristina Graeml/Gazeta do Povo
11/12/2020 20:45 – atualizado há 3 anos
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Cuba censurando e prendendo artistas, jornalistas e intelectuais é mais uma prova de que o socialismo não respeita as liberdades individuais, sequer a liberdade de expressão. Por ironia essas são algumas das categorias profissionais que costumam fechar os olhos aos horrores das ditaduras socialistas a admitir seu fracasso.

Pense quantas vezes você já viu artistas defendendo as maravilhas do socialismo e citando Cuba como exemplo. Ou viu no cinema, na televisão, no teatro, em aulas, livros, teses acadêmicas ou debates jornalísticos que lá a educação é de primeira, que o país forma médicos exemplares, que há atendimento de saúde, emprego e comida para todos e o povo é livre.

Neste fim de 2020, a classe artística e a intelectualidade deste suposto paraíso sofrem forte repressão, com censura e prisões arbitrárias, apenas porque alguns de seus membros decidiram romper o silêncio e mostrar a realidade de miséria em que vivem os cubanos.

Cuba censura e prende artistas

Para entender o que ocorre hoje na eterna "ilha de Fidel" é preciso voltar dois anos no tempo. Em 2018 artistas de Cuba se uniram a intelectuais e acadêmicos para criar o movimento batizado de San Isidro. A ideia era fazer oposição a um decreto do ditador Miguel Díaz-Canel Bermúdez, que herdou a presidência de Raul Castro, irmão de Fidel.

Pela divulgação oficial o decreto 349/2018 “regulamentou” a expressão artística no país, mas na verdade o que fez foi proibir diversas formas de manifestação, um típico decreto de censura. A partir dele os artistas do movimento San Isidro começaram a fazer apresentações para denunciar os podres da ditadura cubana.

O que aconteceu depois é um roteiro conhecido: o governo ditatorial proíbe, as mentes mais ousadas e criativas tentam driblar as proibições, mas vão, aos poucos, sendo caladas. O grupo de artistas passou a ser tratado como opositor ao regime e os integrantes começaram a ser perseguidos e presos.

Em 9 de novembro a prisão do rapper Denis Solís foi o estopim para o movimento crescer. As manifestações se tornarem muito mais frequentes na ilha e também em Miami, nos EUA, onde vivem milhares de imigrantes fugidos do socialismo cubano.

Segundo um jornal local, que entrevistou testemunhas, o artista foi preso em casa, sem ordem de prisão. A casa foi, aliás, invadida pelos policiais para uma espécie de vistoria. Entraram dizendo que era uma fiscalização para ver se ele estava cumprindo as ordens da vigilância sanitárias relativas a viagens. Diante da reclamação óbvia, o músico foi preso por desacato.

Ficou claro que forçaram uma situação para tirar o rapper de cena, literalmente. Em apoio ao cantor e com o intuito de chamar a atenção dos cubanos e do resto do mundo para tamanha arbitrariedade, 14 jovens começaram uma greve de fome na sede do Movimento. Acabaram presos também. Isso foi só o começo da história.


Dia 27 de novembro um grupo de 30 artistas, jornalistas e intelectuais conseguiu agendar uma reunião com o ministro da Cultura, Fernando Ross. Tentavam uma negociação pelo fim da censura e da repressão a manifestações artísticas.

Uma semana depois o ministro declarou que estava rompendo o diálogo com o grupo e todos que tinham participado da reunião receberam a “visita” de funcionários do governo, informando que não poderiam mais sair de casa.

Prisões domiciliares

As primeiras informações sobre a prisão domiciliar dos 30 integrantes do Movimento San Isidro que haviam participado da reunião no Ministério da Cultura surgiram nas redes sociais na última sexta-feira (4). A jornalista Lucía Escobar denunciou no Twitter que estava sendo impedida de sair de casa.

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