O mapa da pandemia do novo coronavírus no Brasil mostra que estados da Região Sul, por suas condições socioeconômicas diferenciadas e medidas preventivas dos governos, conseguiram até agora baixar a curva da Covid-19. Santa Catarina e Rio Grande do Sul adotaram caminhos diferentes no isolamento social e ambos alcançaram bom êxito contra a doença, como mostra reportagem do jornalista Cristian Weiss, da NSC Comunicação.
Mas os dados econômicos de março começaram a mostrar os impactos negativos profundos nas duas economias, embora de forma distinta, em função das restrições. O cenário sinaliza que ambas economias terão recessão profunda, mas Santa Catarina mostra um melhor ritmo do agronegócio.
O maior diferencial entre as duas economias, no momento, mostra ser o agronegócio. Atingido pela seca, o Rio Grande do Sul, que é um dos celeiros na produção agrícola do país, amarga queda de 27,7% na produção de soja, de 4,4% na produção de arroz e de 19,3% na produção de milho, de acordo com dados de abril do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE.
Além disso, o RS tem polo agroindustrial de carnes menor do que Santa Catarina e dois frigoríficos do Estado foram fechados por duas semanas pelo Ministério Público em função de casos de Covid-19.
Em Santa Catarina, a agroindústria de carnes não teve unidades paradas e segue exportando com faturamento elevado em função do dólar. Além disso, a produção agrícola, que tem peso menor no PIB daqui, sofre menos com a estiagem. O levantamento do IBGE de abril indica no Estado crescimento de 6% na produção de arroz, queda de 3,5% na produção de soja e estabilidade no milho. A Epagri, estatal de pesquisa e extensão agrícola catarinense, aponta retração de 10% na produção de milho.
As políticas de controle da Covid-19 com economia em atividade e mercados fracos, permitirá produção num ritmo menor em ambos os Estados até o fim do ano. O cenário econômico atual, com especial atenção ao agronegócio, indica que em Santa Catarina o tombo do PIB pode ser menor que o do Rio Grande do Sul. O fato de o setor público catarinense ter menos déficits que o gaúcho também pode ajudar no resultado final.