Comunidade é convidada a visitar a 3ª edição da Mostra de Presépios
Mais de 100 obras estão expostas no subsolo da Catedral São José, em Erechim, e podem ser visitadas até o dia 20 de dezembro
Está aberta a terceira edição da Mostra de Presépios, no subsolo da Catedral São José, em Erechim. A iniciativa reúne mais de 100 peças feitas por catequizandos, artistas locais, famílias e membros da comunidade, cada uma revelando uma forma de olhar para o Natal e para seu principal motivador: o nascimento de Jesus Cristo. Há desde presépios montados em papel, trabalhos com materiais recicláveis, elementos da natureza, até composições mais elaboradas, como uma peça de papel machê cedida à Mostra pela Prefeitura. A variedade emociona pela delicadeza dos detalhes de quem produziu as diversas artes que podem ser visitadas até o dia 20 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 15h às 20h; e aos sábados, das 14h às 17h.

A Mostra teve sua primeira edição em 2023, quando se comemoraram os 800 anos do primeiro presépio criado por São Francisco, na Itália. O pároco da Catedral São José, Pe. Clair Favreto, lembra que aquele marco histórico foi decisivo para o início da mostra local. “São Francisco encontrou no presépio uma forma simples de representar o nascimento de Jesus. Na época não se permitia esse tipo de imagem, mas ele pediu autorização ao Vaticano e conseguiu mostrar essa beleza. Então, no contexto dos 800 anos do primeiro Presépio, tivemos a iniciativa de fazer essa Mostra.”

Naquele primeiro ano, 74 presépios foram produzidos por crianças motivadas pelas catequistas. Em 2024, o número aumentou para 90 peças e, neste ano, ultrapassou a marca de 100 obras. O espaço reúne trabalhos que vão desde a representação mais tradicional até composições cheias de experimentação estética. Para o padre Clair, a diversidade é o que torna a mostra tão significativa: “A arte já é uma beleza por si só. E aqui ela ganha ainda mais força porque mostra tantas maneiras de manifestar o menino Jesus.”
Entre os trabalhos, um em especial provoca reflexão pelo simbolismo que traz. Trata-se de um presépio confeccionado pelo próprio padre Clair, que decidiu transformar as marcas de duas tragédias recentes — a enchente do ano passado no Rio Grande do Sul e o temporal de granizo que destruiu casas em Erechim neste ano — em símbolos de fé e reconstrução. “As pedras que usei foram recolhidas de um rio que transbordou e invadiu casas da comunidade. As telhas encontrei nas ruas depois do granizo”, explica. O presépio conta com pedras que representam a enchente e fragmentos de telha que remetem ao temporal. Além de retratar pastores, animais e os magos, a composição traz um pequeno coração de pedra encontrado pelo padre às margens do rio. “A própria água lapidou esse coração. Para mim, ele mostra que, quando o amor se transforma em gesto e solidariedade, podemos reconstruir qualquer tragédia”, afirma.

Além desse presépio que carrega a memória das tragédias recentes, outro trabalho também recorda o período vivido em Erechim, produzido com telhas, tijolos e pedaços de plástico que remetem à lona — material que, nesta obra, chega a envolver o próprio menino Jesus. A mostra ainda reúne versões feitas com rolhas, pinhas, copos plásticos, garrafas, peças de Lego e tantos outros elementos que revelam não apenas criatividade, mas a fé que move cada escolha e cada pequeno cenário exposto. É essa mistura de expressões, histórias e olhares que transforma a Mostra de Presépios em um espaço de encontro com o verdadeiro sentido do Natal.