Para cumprir a determinação presidencial de cortar gastos, o departamento de futebol do Inter recorrerá à criatividade. A estratégia será renegociar contratos com prestadores de serviço, além de utilizar mais o modelo de permuta para adquirir materiais para os atletas. No entanto, o vice de futebol Alessandro Barcellos ressalta que o trabalho de redução de despesas já vem ocorrendo desde antes da pandemia de coronavírus. Uma das medidas adotadas foi o uso de mais atletas da base, que têm salários menores do que os medalhões.
— O futebol vem fazendo isso (corte de gastos) desde o primeiro dia do ano. Mais de 20 contratos foram encerrados, e vários atletas subiram da base. Tivemos também a extinção do Inter B, que tinha um custo elevado e um retorno baixo. Isso possibilitou uma redução de R$ 6 milhões (anuais). Fizemos também mudanças de pessoal. Em relação ao ano passado, o orçamento do futebol aprovado para 2020 já previa a redução em torno de R$ 50 milhões — explica Barcellos.
Nos últimos dias, o presidente Marcelo Medeiros determinou que cada departamento terá de reduzir suas despesas em 30% devido à crise gerada pela pandemia. No entanto, segundo o vice de futebol colorado, os cortes feitos desde o início da temporada já estão incluídos nessa conta. Ainda assim, o departamento buscará diminuir mais os gastos. Entre as estratégias está a renegociação de contratos com prestadores de serviço e fornecedores de produtos.
— Podemos usar mais o modelo de permuta para reduzir alguns custos, como na compra de suplementos e de artigos esportivos para a academia do CT, que precisam ser trocados com frequência. Afinal, as empresas gostam de mostrar que estão trabalhando com o Inter. Isso é marketing para elas. Estamos olhando todos os contratos individualmente, como por exemplo os serviços de alimentação. Podemos também renegociar os contratos de logística, o que envolve voos, hotéis, receptivo e agências de viagem. Vamos renegociar tudo isso sem reduzir a qualidade. É possível escolher uma opção mais barata, mas com qualidade. O Inter nunca fica em lugares ruins, mas sempre questionamos os valores e renegociamos. Com isso, é possível ter uma economia significativa — detalha o dirigente.
Alessandro Barcellos garante, no entanto, que as reduções não prejudicarão o desempenho esportivo da equipe. De acordo com o vice de futebol colorado, nenhum item considerado essencial para o rendimento do time de Eduardo Coudet será cortado. Com um calendário apertado previsto pela frente após o fim da pandemia, o clube descarta, por exemplo, abrir mão dos voos fretados em viagens longas da Libertadores.
— Chega o momento em que tem de apertar o cinto, mas não tem como fazer mágica. O futebol é a atividade-fim do clube e, por óbvio, não vamos "dar um cavalo de pau no transatlântico". Em relação a voos fretados, é um risco que nós não vamos correr, especialmente pelo calendário apertado que teremos. Isso é considerado um investimento. Senão, passaremos a ter problemas no desempenho esportivo — finaliza.
O plano orçamentário do Inter para 2020 estima um déficit de R$ 13,6 milhões. A ideia do corte de gastos é evitar que o resultado negativo suba de forma significativa em função da perda de receitas neste período com o futebol paralisado.