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Cidade

Casos positivos de coronavírus em Marau superam incidência média do RS

Cidade de 44,1 mil habitantes apresentou nove casos positivos da doença, o que equivale a 2,04 ocorrências a cada 10 mil habitantes

GZH
por  GZH
14/04/2020 09:53 – atualizado há 3 anos
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Cidade de economia pujante, distante 34 quilômetros de Passo Fundo, Marau está com números acima da curva média de coronavírus no Rio Grande do Sul. Foram nove casos positivos até a tarde desta segunda-feira (13), com um óbito, em uma cidade de 44,1 mil habitantes. No Estado, a média é de 0,6 confirmados a cada 10 mil habitantes – se a situação de Marau fosse replicada no RS, haveria 2,04 casos por 10 mil.

A cidade do norte do RS é a 11ª cidade com mais casos, à frente de localidades mais populosas, como Santa Maria, Viamão, Cachoeirinha, Alvorada, Pelotas e Rio Grande. Municípios gaúchos com populações semelhantes a de Marau, como Charqueadas e Rio Pardo, têm um caso positivo cada.

Prefeito emitiu recomendação oficial para que os marauenses usem máscaras ao sair de casa /Bruna dos Santos / Prefeitura de Marau / Divulgação

Outro dado indica que um terço dos marauenses que fizeram o teste da covid-19 tiveram resultado positivo. Do total de 30 testes realizados, nove confirmaram a infecção.

— Ficamos espantados em ter um terço dos testados com resultado positivo. Gostaríamos de receber os testes rápidos para saber se ainda temos o vírus circulando entre a população ou se nossos casos ficaram restritos a esses já mapeados — diz Fernanda Garbin, coordenadora de saúde da prefeitura de Marau.

Ela explica que, até o momento, o município não recebeu kits de testes rápidos dos governos estadual e federal. As 30 checagens realizadas foram feitas pelo Laboratório Central de Saúde Público do Rio Grande do Sul (Lacen-RS), com as coletas sendo executadas pelo comitê de saúde da prefeitura ou diretamente em hospitais, nos casos graves de pacientes internados.

A prefeitura comprou, de fornecedores privados, 50 testes rápidos para aplicar prioritariamente em profissionais da saúde e da segurança pública, com o objetivo de afastar eventuais contaminados e manter em atuação os saudáveis. O objetivo é evitar uma paralisação dos serviços essenciais. Nesta segunda-feira (13), os primeiros três testes foram aplicados em servidores da saúde. Os resultados foram negativos e eles seguem trabalhando.

Apesar do número elevado de casos para os padrões populacionais, não é possível estabelecer um vínculo com o foco original de contágio na cidade. Há teorias entre a população, mas nenhuma sustentada por evidências científicas, dizem as autoridades locais. A informação confirmada é de que, dos nove casos positivos, seis são pertencentes a dois grupos familiares. Ou seja, uma transmissão entre parentes.

— Não foi possível definir a origem. Comparando eventos e fatos que aconteceram na cidade com o tempo de incubação e o surgimento de sintomas, não conseguimos vincular — relata Fernanda.

Para o prefeito Iura Kurtz, a explicação mais plausível para as contaminações é a transmissão familiar. A cidade conta com importantes plantas industriais nos ramos da alimentação, da metalurgia, do couro, entre outros setores, o que atribui a Marau a característica de receber e enviar ao exterior missões empresariais. A população da cidade é a 56º no ranking do Rio Grande do Sul, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) é o 42º maior entre os municípios gaúchos.

No boletim epidemiológico da prefeitura desta segunda-feira (13), um dado para além dos casos confirmados se destaca: Marau tem 115 famílias com pessoas sintomáticas respiratórias em isolamento domiciliar pelo prazo de 14 dias. São casos de quem procurou atendimento e, diante de sintomas leves, houve encaminhamento para isolamento domiciliar. Nestas situações, não são aplicados os testes.

— A norma do Ministério da Saúde é que se você chegar lá na unidade de saúde e referir febre, a equipe é obrigada a dar o atestado e isolar a pessoa com a família. É uma medida que temos cumprido, faz os números subirem um pouco. Eu diria que faz uma semana que tivemos poucos casos que precisaram do teste e do encaminhamento para o hospital — diz o prefeito Kurtz, mantendo otimismo.

A prefeitura adotou medidas de distanciamento social desde meados de março: no dia 17 foram suspensas as aulas na rede municipal de ensino e, 48 horas depois, novo decreto fechou todo o comércio, casas noturnas, academias e trouxe restrições para o transporte de passageiros. Eventos tradicionais como o Festival Nacional do Salame foram cancelados. A indústria manteve seu funcionamento a pleno, com a observância de normas de higienização. Há contrariedade no município com as normas, consideradas rigorosas demais pelo setor empresarial.

— Abertos estão só farmácias e mercados. Houve pequena flexibilização para lojas de chocolates e salões de beleza. Restaurante operando apenas com delivery. A indústria, felizmente, está atuando 100%, com disponibilização dos equipamentos de proteção. A nossa briga é pela flexibilização do comércio. Não faz sentido manter tudo fechado com tanta gente na rua — protesta Gustavo Ferreira, presidente da Associação Comercial, Industrial, Serviços e Agropecuária de Marau (Acim), que pede reabertura com regras como redução do horário de atendimento e limite de clientes.

A constatação de que a população está, aos poucos, deixando as medidas de isolamento para circular é admitida pelo prefeito Kurtz. Nesta segunda-feira (13), ele emitiu uma recomendação oficial para que os marauenses usem máscaras ao sair.

— Notamos que começou a se relaxar um pouco. Estamos insistindo no isolamento e tentando chamar atenção — comenta o prefeito.

Para o período da pandemia, a administração de Kurtz montou, anexo à Secretaria da Saúde, um local de primeiro atendimento exclusivamente para casos suspeitos de coronavírus. Há médicos e enfermeiros e, se necessário, eles podem encaminhar casos de gravidade mediana para o Hospital Cristo Redentor, de Marau, onde existem cerca de 110 leitos, mas sem Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Por isso, pacientes em estado grave precisam ser encaminhados para Passo Fundo.

Foi o caso de Honorino Bassi, 84 anos, e Alceu Antonio Bassi, 61, pai e filho que ficaram internados por 15 dias no Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo. Ambos do grupo de risco, eles se trataram e tiveram alta juntos. A imagem da liberação deles a salvo comoveu o país e deixou sensação de esperança, com os dois sendo aplaudidos por funcionários do hospital nos corredores, quando eram preparados para voltar ao lar.

Números do último boletim do coronavírus em Marau:

  • Casos confirmados - 9
  • Óbitos - 1
  • Casos aguardando resultado do teste - 5
  • Hospitalizados - 5 no total, sendo 4 casos confirmados e 1 em análise
  • Altas hospitalares - 2
  • Isolamentos domiciliares (famílias com pessoas sintomáticas respiratórias em isolamento) - 115
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