A exportação de soja do Brasil atingiu um marco histórico em 2025. De janeiro a outubro, o País já embarcou 102,2 milhões de toneladas, superando todo o volume exportado em 2023 — até então o recorde anual, com 101,3 milhões de toneladas. Os dados são da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), divulgados nesta quarta-feira (8).

O desempenho excepcional reflete, principalmente, o avanço das compras da China, que ampliou as importações brasileiras após suspender as aquisições dos Estados Unidos em maio. Em abril, o governo chinês impôs uma tarifa de 20% sobre a soja norte-americana, em resposta às medidas comerciais adotadas pelo então presidente Donald Trump. Desde então, o Brasil tornou-se o principal fornecedor do grão ao gigante asiático.

Com uma safra recorde acima de 170 milhões de toneladas, o Brasil — maior produtor e exportador mundial da oleaginosa — manteve o ritmo de embarques em alta. Só em setembro, a China respondeu por 93% das exportações brasileiras, com 6,5 milhões de toneladas importadas. No acumulado de 2025, a fatia chinesa nas vendas externas do Brasil é de 79,9%, acima da média registrada entre 2021 e 2024 (74%).

Do outro lado, os produtores dos Estados Unidos demonstram preocupação com a perda de espaço no mercado global. Segundo a Federação de Fazendeiros dos EUA (American Farm Bureau Federation), entre junho e agosto os norte-americanos “quase não venderam grãos para a China”, enquanto o Brasil bateu sucessivos recordes. A entidade classificou o movimento como “um sinal de como a América do Sul passou a dominar o mercado e a substituir os produtores norte-americanos”.

As projeções da Anec indicam que o Brasil deverá fechar 2025 com 110 milhões de toneladas de soja exportadas, consolidando um novo recorde histórico. Somente em outubro, os embarques devem alcançar 7,12 milhões de toneladas, quase 2,7 milhões acima do mesmo mês do ano anterior. Também se destacam as exportações de milho, estimadas em 30 milhões de toneladas até outubro, e de farelo de soja, que deverão superar 19 milhões até o fim do mês.

Com o ritmo atual, o Brasil reforça sua liderança mundial no comércio agrícola e amplia sua influência sobre o mercado global de grãos, em um cenário de tensões comerciais e reconfiguração das cadeias de suprimento internacionais.