NO TOPO DO RANKING

Brasil sobe para 2ª posição no ranking mundial de juros reais após nova alta da Selic

No levantamento anterior, o Brasil ocupava a terceira posição, com 8,65% ao ano.

Por Redação VL Publicado em 19/06/2025 15:47 - Atualizado em 19/06/2025 16:49

Com a elevação da taxa básica de juros (Selic) de 14,75% para 15% ao ano, anunciada na quarta-feira (18) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), o Brasil passou a ocupar a segunda posição no ranking mundial de juros reais — aqueles calculados com base nos juros nominais descontada a inflação projetada. O país agora fica atrás apenas da Turquia, que lidera com juros reais de 14,44% ao ano.

A taxa real brasileira chegou a 9,53% ao ano, de acordo com levantamento do portal MoneYou em parceria com a Lev Intelligence. O cálculo considera a expectativa de inflação para os próximos 12 meses, estimada em 5,25% pelo último boletim Focus do Banco Central, e os juros de mercado projetados para o mesmo período. No levantamento anterior, o Brasil ocupava a terceira posição, com 8,65% ao ano.

O ranking inclui dados de 40 países e mostra o Brasil à frente de economias como Rússia (7,63%), Argentina (6,7%) e África do Sul (5,54%). A média global dos juros reais ficou em 1,67% ao ano. Segundo o economista Jason Vieira, responsável pelo estudo, o movimento global de aumento de juros perdeu força, com apenas 6% dos países ainda promovendo altas. O cenário predominante, afirma, é de manutenção das taxas.

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— Veja o ranking:

* Turquia: 14,44%
* Brasil: 9,53%
* Rússia: 7,63%
* Argentina: 6,7%
* África do Sul: 5,54%
* Indonésia: 4,31%
* Filipinas: 4,23%
* México: 3,75%
* Colômbia: 3,69%
* Índia: 2,66%
* Tailândia: 2,17%
* Malásia: 1,62%
* Hungria: 1,62%
* China: 1,48%
* Israel: 1,25%
* França: 1,2%
* Cingapura: 1,05%
* República Tcheca: 0,93%
* Austrália: 0,9%
* Suécia: 0,76%
* Polônia: 0,48%
* Estados Unidos: 0,48%
* Coreia do Sul: 0,43%
* Itália: 0,43%
* Reino Unido: 0,28%
* Taiwan: 0,28%
* Chile: 0,24%
* Suíça: 0,05%
* Nova Zelândia: -0,02%
* Espanha: -0,07%
* Bélgica: -0,09%
* Hong Kong: -0,21%
* Grécia: -0,35%
* Alemanha: -0,36%
* Portugal: -0,42%
* Áustria: -1,23%
* Canadá: -1,35%
* Japão: -1,72%
* Dinamarca: -2,1%
* Holanda: -3,24%

Em termos nominais, ou seja, sem descontar a inflação, o Brasil permanece na quarta colocação, abaixo de Turquia, Argentina e Rússia, mas à frente de países como Colômbia, México e África do Sul. A Selic, agora em 15% ao ano, atinge o maior patamar em duas décadas — nível semelhante foi registrado em junho de 2006, durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando os juros chegaram a 15,25% ao ano.

A decisão do Copom marcou a sétima alta consecutiva da Selic, embora em ritmo mais moderado. Em maio, o comitê havia aumentado a taxa em 0,5 ponto percentual, frente ao ajuste atual de 0,25. Em comunicado breve e com tom cauteloso, o Banco Central indicou que segue atento à trajetória da inflação, mesmo com sinais de alívio nos indicadores recentes.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, subiu 0,26% em maio, abaixo do esperado. Apesar disso, o índice acumulado em 12 meses está em 5,32%, ainda acima do teto da meta de 4,5%. O BC reconheceu que a inflação cheia e as medidas subjacentes continuam acima da meta, atualmente fixada em 3% ao ano.

Além das preocupações inflacionárias, o Copom observou que a atividade econômica e o mercado de trabalho mostram sinais de moderação. O Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre cresceu 1,4%, levemente abaixo das expectativas, e dados setoriais de abril reforçaram o quadro de desaceleração. A avaliação é mais cautelosa que a do último encontro do Copom, em maio, quando o comitê ainda falava em crescimento “incipiente”.

O cenário atual indica um desafio para a política monetária brasileira: controlar a inflação persistente sem sufocar ainda mais a economia, que já dá sinais de desaceleração em meio a juros elevados. A manutenção da taxa em patamar tão alto, em contraste com a tendência global de estabilidade ou redução, mantém o Brasil como um dos países com maior custo real de crédito do mundo.