Bovinocultura de leite: produtividade e qualidade impulsionam agricultura familiar no Estado

Por Emater Publicado em há 6 horas

O Rio Grande do Sul produz cerca de 4 bilhões de litros de leite ao ano, o que confere ao Estado a terceira posição no ranking de produtores no Brasil. Participa com cerca de 11,6 % da produção nacional, referentes aos estabelecimentos produtores que comercializam leite para indústrias, cooperativas ou queijarias e aos que processam a produção em agroindústria própria legalizada.  

Conforme o Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no RS, elaborado pela Emater/RS-Ascar, que representa um panorama da atividade leiteira gaúcha, o rebanho é composto por 944,2 mil de vacas, formado, predominantemente, pelas raças Holandesa e Jersey, raças europeias que representam 96,3% do material genético utilizado nas propriedades.  

A publicação de 2023 é a quinta edição de uma série iniciada há uma década e reeditada a cada dois anos, com o objetivo de disponibilizar informações organizadas e acessíveis para produtores de leite, indústrias de laticínios, entidades representativas do setor, instituições de ensino, pesquisa e assistência técnica, além dos poderes executivo e legislativo municipais e estaduais. O novo Relatório, a ser divulgado na Expointer, que ocorrerá de 30 de agosto a 7 de setembro de 2025, está em fase final e vai trazer o desempenho do setor nos últimos dois anos.

ATIVIDADE LEITEIRA E A ECONOMIA GAÚCHA 

A bovinocultura de leite é uma atividade econômica importante para a agricultura familiar do Estado, estando presente em quase a sua totalidade – 453 municípios, com destaque para a Região Noroeste. Conforme o Relatório, estima-se que a produção de leite do Rio Grande do Sul equivale a aproximadamente R$ 11 bilhões por ano. A cada ano a atividade leiteira contribui com R$ 22 milhões por município onde há algum tipo de produção leiteira, o que equivale a R$ 1,84 milhões para cada um, a cada mês. Esse valor é relevante para a economia de uma parcela significativa dos municípios gaúchos.  

FOCO NO FORTALECIMENTO DA CADEIA PRODUTIVA 

A Emater/RS-Ascar, tem a bovinocultura de leite como um de seus focos estratégicos de atuação e desenvolve ações de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva leiteira devido à sua importância econômica e social para o Estado. A produção de leite gera renda e emprego no meio rural, além de ser um setor relevante na geração de Produto Interno Bruto (PIB) e na segurança alimentar. A Instituição atua junto aos produtores, promovendo o acesso a políticas públicas, capacitação, assistência técnica continuada e orientações a respeito do manejo do rebanho, além da importância do controle sanitário.

Conforme os dados publicados no documento “Radiografia da Agropecuária Gaúcha”, elaborado pela Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), a produção de leite continua revestida de enorme importância socioeconômica para o Estado – 8% do Valor Bruto da Produção - atrás da soja, arroz e frango. A renda do setor é responsável pela manutenção de mais de 30 mil famílias no campo, dinamizando a economia gaúcha. “Apesar de estudos da Emater apontarem uma redução de cerca de 60% no número de produtores de leite entre os anos de 2015 a 2023, observa-se um aumento nos seus investimentos, ampliando plantéis, qualificando sua estrutura de produção e investindo mais em tecnologias que possibilitam aumentos de produção e de produtividade”, destaca o extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Jaime Ries. 

SAÚDE DO REBANHO E A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA PASTAGEM 

O planejamento forrageiro dos pastos, como o cultivo antecipado de pastagens de inverno é um item fundamental para o bom desempenho da produção de leite gaúcha. Os rebanhos precisam estar bem alimentados para produzirem leite de boa qualidade e a suplementação alimentar é de grande importância, principalmente durante as estações com temperaturas mais frias, agregando energia e nutrientes necessários à saúde dos animais. Do contrário, pode ocorrer perda de peso, doenças e, consequentemente, a redução da produtividade do rebando. As principais espécies incluem aveia e azevém no inverno, e milheto ou capim sudão no verão.  

No Rio Grande do Sul, o sistema “a pasto com suplementação” (onde os animais permanecem livres com acesso à pastagem na maior parte do dia) é utilizado por 84% dos estabelecimentos produtores, principalmente em função da disponibilidade de pastagens anuais de inverno. 

CLIMA FAVORÁVEL, GENÉTICA DE QUALIDADE E GESTÃO FAMILIAR  

Além das condições climáticas favoráveis, a qualidade genética do rebanho, a possibilidade de cultivar forrageiras de inverno e verão de ótima qualidade e a mão de obra familiar, conferem grande potencial de desenvolvimento à bovinocultura de leite no Rio Grande do Sul. Para o extensionista da Emater/RS-Ascar, Leandro Ebert, o Rio Grande do Sul possui uma característica climática única, facilitando a produção de forragens para o gado o ano todo, inclusive uma terceira safra, resultado de um trabalho desenvolvido em parceria com a Embrapa Trigo, produzindo silagem outonal.  

“O assessoramento permanente, o acesso às políticas públicas, como por exemplo, o Programa Terra Forte, lançado recentemente pelo Governo do Estado, que vai beneficiar também produtores de municípios da Bacia Leiteira, entre outros, formam um conjunto de iniciativas que fomentam o interesse das famílias que hoje têm a atividade leiteira como carro-chefe, a buscarem, cada vez mais, qualificação e informação técnica, para aplicar em sua propriedade, resultando em mais produtividade e geração de renda, que circula e permanece no município, contribuindo para a manutenção das famílias no campo”, completa Ebert. 

Em Júlio de Castilhos, na Região Central, o produtor Gilson Mazzarro e sua família trabalham há mais de três décadas com bovinocultura de leite. Ele relata ser uma atividade que requer muita dedicação e cuidado no trato com os animais e com o pasto para assegurar a qualidade do rebando e do produto, que é comercializado junto à Cooperativa Agropecuária Júlio de Castilhos (Cotrijuc) e à Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL). “É uma atividade intensa, porém uma boa opção para as pequenas propriedades. A Emater sempre está presente trazendo orientações técnicas e conhecimento. Já implantamos rede de água e sala de ordenha, tudo com projetos da Emater, além do incentivo para o desenvolvimento de cultivares para silagem e pastagens, e maneiras de manejar os piquetes. A Emater está sempre nos apoiando na melhoria das atividades e da rentabilidade da propriedade também”, conclui Gilson.  

SELO SABOR GAÚCHO: TECNOLOGIA E AGROINDÚSTRIA FAMILIAR NA MESA DO CONSUMIDOR 

Apesar da redução no número de produtores, especialmente aqueles de menor escala de produção, os que permanecem na atividade estão se especializando cada vez mais, através de maiores investimentos em tecnologias, instalações e equipamentos para aumentar a produção e garantir a qualidade do produto.

Grande parte destes produtos da cadeia leiteira ostenta o selo Sabor Gaúcho, uma certificação desenvolvida pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR). Ele garante a origem da produção agroindustrial familiar, incluindo a produção leiteira, e atesta que os produtos são provenientes de estabelecimentos regularizados no aspecto ambiental, sanitário e tributário, conforme o Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf). O Selo Sabor Gaúcho fortalece a agricultura familiar, promove o desenvolvimento sustentável e a geração de emprego e renda no campo.  

A EMATER/RS-ASCAR E OS FOCOS ESTRATÉGICOS 

Esta reportagem integra a série “Focos Estratégicos” e é uma produção especial da Emater/RS-Ascar que, semanalmente, apresenta em detalhes os 11 focos de ação prioritários da Instituição. A cada semana você conhece melhor as áreas de atuação que orientam o trabalho técnico da Emater/RS-Ascar no Estado, com histórias, resultados e iniciativas que revelam a presença e a importância da Extensão Rural e Social na vida das famílias que se dedicam à produção primária e a construção de um meio rural mais sustentável e próspero. 

Confira os próximos temas: 

- Educação na defesa sanitária animal e vegetal;

- Produção, secagem e armazenamento de grãos;

- Agroindústria; 

- Horticultura; 

- Manejo e conservação da água e do solo; 

- Pecuária Familiar; 

- Usos múltiplos de água: reservação e irrigação; 

- Acesso às políticas públicas, a direitos sociais e socioambientais.