O nono dia de buscas pelo menino Miguel dos Santos Rodrigues, que teria sido morto pela própria mãe e pela madrasta em Imbé, no Litoral Norte, tem o reforço de cães farejadores nesta sexta-feira (6). Ao todo, dois “binômios” (como é chamada a dupla entre o animal e um agente do Corpo de Bombeiros) estão atuando nas imediações da pousada onde a vítima morou até a última quinta-feira, no centro da cidade.
Os cães, das raças pastor alemão e boiadeiro australiano, integram o efetivo da Companhia Estadual de Busca e Salvamento (CEBS). Eles são treinados para localizar pessoas vivas e cadáveres, e podem ajudar a determinar se o garoto foi assassinado no local. A mudança na operação se deve à possibilidade de que a principal acusada no crime, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, tenha mentido ao dizer que jogou Miguel no rio Tramandaí.
“Estamos com os cães dentro do apartamento, no terreno e no pátio do local onde a criança morava. A intenção é identificar se Miguel foi mesmo morto aqui dentro. Os binômios, que já estão trabalhando, representam mais uma ferramenta para verificarmos todas as possibilidades do que ocorreu no dia”, afirma o comandante dos Bombeiros em Tramandaí e líder da operação, tenente Elísio Lucrécio.
As buscas pelo menino também mobilizam equipes nas proximidades do mar, do rio e da orla. “Se algum pescador, ou morador, identificar algo parecido com o corpo do menino Miguel, nós iremos fazer a verificação. Temos um bote equipado com ecobatímetro, que consegue visualizar toda a profundidade do rio e nos ajuda bastante. Vamos nos deslocar sempre que houver novas informações sobre o caso”, ressalta Lucrécio.
O ecobatímetro é composto de sensores acústicos, que emite ondas capazes de atravessar a água e atingir o fundo do rio. O sinal, refletido, é detectado por um receptor assim que chega à superfície. Desta forma, é possível identificar se há algum objeto submerso em um local específico. Normalmente, equipamentos do tipo são utilizados para buscas em pontos onde não há muita profundidade.
Yasmin segue presa na Penitenciária Estadual de Guaíba. Já a companheira dela, Bruna Nathiele Porto da Rosa, está no Instituto Psiquiátrico Forense, em Porto Alegre, desde a quinta-feira. Segundo a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), a madrasta de Miguel foi transferida após uma tentativa de suicídio. Ela foi submetida a exames, que ainda não tiveram o resultado divulgado.
A mãe de Miguel confessou ter matado a criança após o registro do desaparecimento dele junto à Polícia, na madrugada da última quinta-feira. Em depoimento à polícia, ela alega que teve a ajuda da namorada no crime. Bruna, entretanto, nega o envolvimento no caso. A madrasta acabou sendo presa em razão de mensagens obtidas em seu celular, que comprovariam a sua participação nas torturas que eram impostas ao menino.