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Saúde

Biólogo explica fala polêmica da OMS sobre assintomáticos

Declaração de Maria van Kerkhove, chefe do programa de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), está repercutindo no mundo inteiro

Yahoo
por  Yahoo
09/06/2020 11:08 – atualizado há 3 anos
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Uma declaração de Maria van Kerkhove, chefe do programa de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), está repercutindo no mundo inteiro, inclusive no Brasil e pelo próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A especialista afirmou que a transmissão de Covid-19 por pessoas assintomáticas 'parece rara', mas ressaltou que isso não se aplica aos pré-sintomáticos (pacientes já contaminados, que ainda não apresentaram sintomas, mas virão a apresentar).

A chefe do programa de emergências da OMS, Maria van Kerkhove. Foto: Christopher Black / OMS

Atila Iamarino, biólogo e doutor em microbiologia, afirma que a declaração foi tirada de contexto e ressalta que as recomendações da OMS para frear a pandemia do novo coronavírus estão mantidas.

“Foi uma colocação muito infeliz e tirada de contexto. A recomendação deles [da OMS] de cuidado das pessoas e distanciamento social continua sendo a mesma. Nós não sabemos quem vai manifestar os sintomas, quando as pessoas vão transmitir os vírus, por isso todo mundo tem que continuar usando máscara e mantendo o isolamento social, se possível", disse Iamarino em entrevista à Globonews nesta terça-feira (09).

Ele afirmou que nunca houve muito conhecimento sobre a transmissão de assintomáticos, mas fez coro com a especialista em relação aos pré-sintomáticos, que formam grande parcela daqueles que transmitem o novo coronavírus.

“O que ficou de fora dessa declaração que é importante é que existem pessoas que não têm sintomas e depois os manifestam, que são as pessoas pré-sintomáticas. Elas são a maior fonte de transmissão da doença. Grande parte dos casos de Covid-19 foram transmitidos nesse período em que pessoas que ainda vão ter sintomas já tinham o vírus no nariz, no corpo e já transmitiam ele. Então, a transmissão principal, medida no mundo inteiro, acontece 2 a 3 dias pré-sintomas".

Iamarino explica que é exatamente esse quadro de pré-sintomáticos que difere a Covid-19 das doenças transmitidas por coronavírus que já existiam no mundo.

“Esse é o momento crucial [pré-sintomático] da doença, por isso que nós não conseguimos parar a Covid-19. A, Sars, doença anterior de Coronavírus que já tivemos 2003, foi parada porque as pessoas tinham sintomas quase sempre, então era só retirar alguém com febre da população geral que você impedia a transmissão. Com a Covid-19, isso não é possível porque a pessoa já está transmitindo o vírus antes dela manifestar essa febre”, garante o biólogo.

Sobre o contexto da fala, ele deixou claro ainda que se tratava da melhor forma de como se realizar o rastreio de possíveis infectados. Na hora de buscá-los, estudos indicam que é melhor começar pelos que apresentam os sintomas.

“Quando a OMS falou sobre isso em entrevista eles estavam falando sobre o rastreio de contatos, que é uma coisa que o Brasil tem feito muito pouco. [O rastreio] é você ter uma equipe de pessoas dedicadas para, quando alguém aparece com os sintomas, você conseguir rastrear o contato dessas pessoas, com , quem é a família dela, qual é a região em que ela vive, para ver quem mais pode ter Covid-19 nesse local".

Bolsonaro repercute fala

O presidente brasileiro, que sempre se mostrou contra medidas de isolamento social defendidas pela OMS e que já ameaçou recentemente romper com o órgão, repercutiu a fala de Maria van Kerkhove para voltar a se manifestar contra as medidas de distanciamento.

"Após pedirem desculpas pela Hidroxicloroquina, agora a OMS conclui que pacientes assintomáticos (a grande maioria) não têm potencial de infectar outras pessoas. Milhões ficaram trancados em casa, perderam seus empregos e afetaram negativamente a Economia", escreveu o presidente nesta segunda-feira (08).

Apesar da insistência de Bolsonaro em refutar a importância das medidas de isolamento social, estudos de instituições renomadas continuam respaldando as práticas.

Uma pesquisa, divulgada nesta segunda-feira pela renomada Imperial College de Londres, avalia que as medidas, iniciadas na Europa no começo de março, obtiveram um “efeito substancial” ao ajudar a reduzir a taxa de reprodução do vírus, podendo ter evitado mais de três milhões de mortes no continente.

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